Foi em uma cela de aproximadamente nove metros
quadrados, sozinho, despido, sem colchão ou cobertor que o atacante
Leonardo, autor de 90 gols em campeonatos pernambucanos e terceiro
maior artilheiro da história do Sport, com 136 gols, passou a noite de
domingo e a madrugada de ontem. Precisou que amigos levassem comida.
Detido após o jogo contra o Sete de Setembro, nos Aflitos, pelo não
pagamento de pensão alimentícia (fala-se em R$ 120 mil), o jogador
chegou a fazer um acordo com a autora da ação penal (uma ex-namorada
com quem teve uma filha, hoje com 11 anos).
Entretanto,
o alvará de soltura precisava ser enviado para São Paulo, onde a ação
foi criada, e assinado pelo juiz da capital paulista. Como ontem foi
feriado em São Paulo, o jogador teve que dormir mais uma noite na
Delegacia de Capturas, em Tejipió, Zona Oeste do Recife. Hoje ele foi liberado e joga amanhã contra o Ypiranga pelo Campeonato Pernambucano 2010.
O mandado foi expedido em São Paulo e enviado para a comarca de Jaboatão dos Guararapes, já que o atleta tem residência fixa em Candeias. "Leonardo não esperava ser preso pelo não pagamento de pensão. Chegou na delegacia chorando bastante. Mas em momento nenhum foi agressivo, mal-educado ou reagiu à prisão. Não foi necessário algemá-lo", explicou a delegada Beatriz Gibson.
Durante o tempo que
ficou na cela, Leonardo esteve despido por medida de segurança. Todos
os presos levados para a cela de uma delegacia ficam sem roupa para
evitar que o vestuário sirva para tentativa de suicídio por
enforcamento. Devido ao seu bom comportamento e ao fato de ter sido
feito o acordo, o jogador passou a tarde de ontem fora da cela, em uma
sala, vendo televisão. Sempre sob a vigilância de policiais.
Alguns
amigos de Leonardo, entre eles o meia Chiquinho, e o ex-presidente do
Sport, Wanderson Lacerda, além do Sete de Setembro, reuniram R$ 28 mil
para efetuar o pagamento e ajudar a soltar o atacante. "Ele conheceu a
mãe da menina quando jogava no Palmeiras, em 1999. Ela chegou a vir
morar com Leonardo no Recife, mas logo voltou para São Paulo",
completou a delegada.
Segundo informações,
Leonardo deveria pagar R$ 1,5 mil por mês para custear a filha, mas
nunca o fez. Bastante abalado, Leonardo não quis conversar com a
reportagem do Jornal do Commercio.
Abismo separa ex-parceiros
A
prisão pelo não pagamento de pensão alimentícia só aumenta o abismo que
se formou entre os "mundos" de Leonardo e Juninho Pernambucano, dois
craques formados no Sport na mesma época. Ambos saíram juntos para o
Vasco, em 1995, após brilharem no Torneio de Toulon, na França, com a
seleção brasileira de novos. Leonardo, aliás, foi o artilheiro da
competição e chegou ao Rio até com mais status.
Mas
ele não se firmou em São Januário, ao contrário de Juninho, campeão
brasileiro e da Libertadores. O meia ganhou a Europa e entrou para a
história do Lyon ao se sagrar heptacampeão francês - hoje, já com uma
Copa do Mundo disputada, defende o Al-Gharafa, do Catar.
Já
Leonardo também vestiu as camisas de Palmeiras e Cruzeiro, sem
destaque. De volta a Pernambuco jogou outra vez no Sport, Santa Cruz,
Central, Salgueiro e agora no Sete. Ex-presidente do Sport nos anos 90,
Wanderson Lacerda não titubeou ao analisar o que aconteceu com os dois.
"Seis letras: cabeça. Se Leonardo tivesse a cabeça de Juninho, também
teria jogado em um grande clube da Europa", disse.
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